Em um recente artigo, John C. Dvorak previu a morte dos blogs.
Permita-me discordar. Alguns dos argumentos utilizados no artigo, embora válidos em essência, não se aplicam ao verdadeiro cerne da questão. Um deles é que a maioria dos blogs são abandonados no período de um ano.
Isto se aplica a muitos outros empreendimentos. A maioria das microempresas não resiste três anos, e nem por isso as pessoas deixam de investir em produção. Quase todas as pessoas que fazem dieta recuperam parte ou todo o peso perdido em 2 a 3 anos. No entanto, sempre existe uma moda nova, um remédio ou método milagroso que decepciona todo mundo.
Outro argumento é de que escrever cansa, dá trabalho. Verdade... sexo também, né? Não vou nem terminar o raciocínio. Escrever, para um ou outro doido, é uma forma de catarse, de descontar as frustrações do dia. Bloggar é uma espécie de autoconhecimento. Mas, para isso, precisa-se de estímulo. Quando o estímulo cessa, fazemos uma pausa, simplesmente por não precisar daquilo. Mas aí é que está a graça. Não há compromisso em se fazer um blog. Não temos prazo, limite ou chefe enchendo o saco. Se eu quiser ficar dois meses sem atualizar meu blog, não significa necessariamente que eu o abandonei. Eu posso ir e voltar quantas vezes quiser.
Explorado pela mídia, sim. Modismo? Em grande monta. Muita gente entrou no espírito blogueiro só para dizer que tinha um weblog, e por um processo de seleção quase automática, um ou outro se destaca. O que acontece é que nesse caso a coisa perde um pouco o sentido.
Escrever por escrever, sem pressão, é uma coisa. Mas a superexposição pode matar a vontade de escrever de um blogueiro. Embora sites como o brazileirapreta tenham morrido, isso não quer dizer que a moda passou ou que a revolução teve um fim. Na verdade, a graça no caso do blog é fazer parte do rebanho, estar no meio mas representando um papel só seu.
Outros, como o euhein foram comprados ou patrocinados por portais (o famoso Mainstream Media) e perdem um pouco o espírito aventureiro, ou se transformam em sites mais tradicionais.
O que não implica o fim de nada. Como impulso, o ato de escrever, produzir, se expor vai continuar. Evoluir, ocupar outros tipos de mídia. Escrever cansa? Tudo bem, tire uma foto com seu celular e mande para seu fotolog. Ou desenhe algo e coloque no deviantart.
É interessante que sempre que algo surge, cresce e ninguém entende direito como foi que aconteceu alguém se apressa em vaticinar a morte disto. Como será que isso ocorre? Imagino colunistas em sua reunião em um clube secreto, jogando pôquer e decidindo...
— E aí, vamos "matar" o quê, agora?
— Que tal o NGage?
— Fácil demais. Diz aí outra coisa...
— O Linux!
— Está doido? Era até uma boa, mas a SCO está fazendo palhaçada após palhaçada. Ninguém vai engolir essa.
— Já sei. Vamos matar os blogs.
— MMMm, olhe bem... você vai perder credibilidade.
— Nada disso, meu amigo... são alvos fáceis, não dão dinheiro e muita gente entrou nessa só por entrar...
— Sim, mas...
— Mas nada... vai ser isso mesmo.
Se eu estivesse presente na conversa...
— John, você tem filha?
— Tenho duas, uma crescida e uma adolescente.
— A adolescente tem um diário?
— Tem.
— A crescida teve diário?
— Teve.
— Ela abandonou o diário, certo?
— Ok.
— Isto impediu a sua outra filha mais nova de fazer um diário dela?
(sem resposta)
sexta-feira, novembro 28
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