sexta-feira, maio 16
Matrix Reloaded nem foi lançado no Brasil ainda e já é polêmica...
Essa imagem pode passar despercebida ao leigo, mas quem tem um ping (hehe) de experiência em hacking e segurança vai reconhecer o nmap rodando.
Interessante é que, nos idos anos 80, o filme Jogos de Guerra fazia uma leve referência a hackers mostrando um wardialer que encontrou alguns servidores ligados ao telefone, BBS-style. Lembro até que o carinha do filme acha um computador de uma companhia aérea e faz uma inócua reserva de passagem para ele e a namorada para Paris (obviamente visando impressioná-la com seu "talento"). Daí ele descobre o tal computador que teria o jogo Global Thermonuclear War e para invadi-lo, usa uma técnica chamada engenharia social, que consiste em pensar um pouco e ponderar as senhas mais óbvias (No caso do filme, a senha é babaca: Joshua, nome do filho morto do programador).
Nos anos 90, o insosso hackers (escrito em minúsculas porque é uma bosta mesmo) mostra algo impossível de fazer mesmo com os computadores de hoje: animações em 3D em tempo-real e ao mesmo tempo procura de dados codificados, além das "hackeadas" serem quase instantâneas. Fora que o sistema operacional dos laptops que eles usam não eram nada desse universo.
Mudando de universo e de plano, o ano agora é desconhecido. Não se sabe ao certo, mas é próximo de 2099. Trinity puxa um laptop e tenta hackear um computador para obter dados importantes para a trama do filme.
Ao invés de uma animaçãozinha metida a besta, os irmãos Wachowski fizeram o dever de casa e tacaram o nmap nele. A partir daí ela encontra a porta 22 aberta (SSH) e tenta usar um exploit verdadeiro (SSHv1 CRC32) para mudar a senha root do servidor para Z1ON0101, com sucesso.
Interessante como aos poucos a cultura e os hábitos hacker vão chegando ao mainstream. O que vai mudar isso no comportamento online e como tratamos nossos dados e privacidade online, só sendo adivinho para saber. Mas parece ser um bom sinal. Pessoas que nunca rodaram ferramentas de segurança se interessam por port scanners e coisas do gênero, encontram falhas em seus próprios servidores e o mundo fica mais seguro. Ou, ao contrário, script kiddies tentam com esse conhecimento de botequim hax0rar servidores babacas e gerar caos sem necessidade.
Prefiro acreditar na primeira possibilidade. Até porque, se ambas acontecerem ao mesmo tempo, vai ficar mais difícil pra os script kiddies.
Essa imagem pode passar despercebida ao leigo, mas quem tem um ping (hehe) de experiência em hacking e segurança vai reconhecer o nmap rodando.
Interessante é que, nos idos anos 80, o filme Jogos de Guerra fazia uma leve referência a hackers mostrando um wardialer que encontrou alguns servidores ligados ao telefone, BBS-style. Lembro até que o carinha do filme acha um computador de uma companhia aérea e faz uma inócua reserva de passagem para ele e a namorada para Paris (obviamente visando impressioná-la com seu "talento"). Daí ele descobre o tal computador que teria o jogo Global Thermonuclear War e para invadi-lo, usa uma técnica chamada engenharia social, que consiste em pensar um pouco e ponderar as senhas mais óbvias (No caso do filme, a senha é babaca: Joshua, nome do filho morto do programador).
Nos anos 90, o insosso hackers (escrito em minúsculas porque é uma bosta mesmo) mostra algo impossível de fazer mesmo com os computadores de hoje: animações em 3D em tempo-real e ao mesmo tempo procura de dados codificados, além das "hackeadas" serem quase instantâneas. Fora que o sistema operacional dos laptops que eles usam não eram nada desse universo.
Mudando de universo e de plano, o ano agora é desconhecido. Não se sabe ao certo, mas é próximo de 2099. Trinity puxa um laptop e tenta hackear um computador para obter dados importantes para a trama do filme.
Ao invés de uma animaçãozinha metida a besta, os irmãos Wachowski fizeram o dever de casa e tacaram o nmap nele. A partir daí ela encontra a porta 22 aberta (SSH) e tenta usar um exploit verdadeiro (SSHv1 CRC32) para mudar a senha root do servidor para Z1ON0101, com sucesso.
Interessante como aos poucos a cultura e os hábitos hacker vão chegando ao mainstream. O que vai mudar isso no comportamento online e como tratamos nossos dados e privacidade online, só sendo adivinho para saber. Mas parece ser um bom sinal. Pessoas que nunca rodaram ferramentas de segurança se interessam por port scanners e coisas do gênero, encontram falhas em seus próprios servidores e o mundo fica mais seguro. Ou, ao contrário, script kiddies tentam com esse conhecimento de botequim hax0rar servidores babacas e gerar caos sem necessidade.
Prefiro acreditar na primeira possibilidade. Até porque, se ambas acontecerem ao mesmo tempo, vai ficar mais difícil pra os script kiddies.
segunda-feira, maio 12
Deu ontem no meu horóscopo da Oi...
(btw eu sou de Sagitário)
Interessante esse negócio de viver na ilusão. Como em um filme pop conhecido (what is the ...?), a barreira do ilusionário e o real às vezes torna-se difícil de definir, se é que ela existe em alguns casos. Inspirar-se, ter por musa algo inatingível não é nada de novo. Nas cantigas de amigo, datadas da Idade Média, a donzela tinha-se por inatingível, ápice da beleza e ícone de pureza intocada. O servo, vassalo do amor e eterno indigno de tão bela e formosa Senhora, contentava-se em cantar, ou melhor, chorar seu amor em versos melosos e por vezes indecifráveis, tais os meandros e reverências que o eu-lírico fazia à sua Musa.
OU SEJA: era aquele negócio da mosca de bolo. Nem come, nem sai de cima.
Viver um amor platônico (do grego platonikós), desligado de interesses ou gozos materiais; ideal, casto, como definido no Dicionário Michaelis na verdade não tem nada de ideal. Casto, sim: a Bela (ou o Belo, não o cantor, crendeuspai, e sim o referido amado) intocável, a inatingível, a idealizada - sim, idealizada, pois permanece no plano do pensamento, do hipotético.
Infrutífero, do ponto de vista genético. Quero dizer, qual o sentido? Amar é buscar no outro algo que lhe falte, sentir-se bem junto a esta pessoa e querer estar com ela o tempo todo. E, logicamente, buscar construir uma relação que vá dar frutos. Sim, pois a Mãe Natureza não nos equipou com o que há de mais sofisticado em evolução, a capacidade de selecionar de acordo com nossos (?) gostos o que mais nos atrai nos parceiros e gerar uma mistura, uma continuação de nós mesmos. Caso contrário, ia ser mais simples reproduzir-nos por partenogênese.
E, já que tocamos no assunto,
Não consigo discordar facilmente desta assertiva.
Já Machado de Assis (grande frasista, por sinal) disse:
A confusão que isso dá na cabeça de um é indescritível. Amor livre? Sem possessão, sem ciúmes? Impossível, pode parecer. O problema é que não fomos feitos para amar uma e apenas uma pessoa na vida. Qual a diferença entre galinhagem e monogamia seriada?
É nessa hora que chega à minha memória um mineirinho que um anjo torto veio disse "Vai, Carlos, ser gauche na vida" e -perdão- fode tudo. Com vocês, Carlos Drummond de Andrade:
Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Platão deveria tomar Viagra.
"Amores platônicos não sofrem dos males dos amores reais,
e ainda geram os melhores poemas"
(btw eu sou de Sagitário)
Interessante esse negócio de viver na ilusão. Como em um filme pop conhecido (what is the ...?), a barreira do ilusionário e o real às vezes torna-se difícil de definir, se é que ela existe em alguns casos. Inspirar-se, ter por musa algo inatingível não é nada de novo. Nas cantigas de amigo, datadas da Idade Média, a donzela tinha-se por inatingível, ápice da beleza e ícone de pureza intocada. O servo, vassalo do amor e eterno indigno de tão bela e formosa Senhora, contentava-se em cantar, ou melhor, chorar seu amor em versos melosos e por vezes indecifráveis, tais os meandros e reverências que o eu-lírico fazia à sua Musa.
OU SEJA: era aquele negócio da mosca de bolo. Nem come, nem sai de cima.
Viver um amor platônico (do grego platonikós), desligado de interesses ou gozos materiais; ideal, casto, como definido no Dicionário Michaelis na verdade não tem nada de ideal. Casto, sim: a Bela (ou o Belo, não o cantor, crendeuspai, e sim o referido amado) intocável, a inatingível, a idealizada - sim, idealizada, pois permanece no plano do pensamento, do hipotético.
Infrutífero, do ponto de vista genético. Quero dizer, qual o sentido? Amar é buscar no outro algo que lhe falte, sentir-se bem junto a esta pessoa e querer estar com ela o tempo todo. E, logicamente, buscar construir uma relação que vá dar frutos. Sim, pois a Mãe Natureza não nos equipou com o que há de mais sofisticado em evolução, a capacidade de selecionar de acordo com nossos (?) gostos o que mais nos atrai nos parceiros e gerar uma mistura, uma continuação de nós mesmos. Caso contrário, ia ser mais simples reproduzir-nos por partenogênese.
E, já que tocamos no assunto,
"De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência." (Millôr Fernandes)
Não consigo discordar facilmente desta assertiva.
Já Machado de Assis (grande frasista, por sinal) disse:
"Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento."
A confusão que isso dá na cabeça de um é indescritível. Amor livre? Sem possessão, sem ciúmes? Impossível, pode parecer. O problema é que não fomos feitos para amar uma e apenas uma pessoa na vida. Qual a diferença entre galinhagem e monogamia seriada?
Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem. (Tom Jobim)
É nessa hora que chega à minha memória um mineirinho que um anjo torto veio disse "Vai, Carlos, ser gauche na vida" e -perdão- fode tudo. Com vocês, Carlos Drummond de Andrade:
Amor, pois que é palavra essencial
Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Platão deveria tomar Viagra.
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