sábado, maio 17



Windows 2000, monitor grande, acessando pelo ig.

Insone, às vezes?

sexta-feira, maio 16

quick note: bloggar bêbado faz mal à saúde

/this post courtesy of Absinto Neto Costa
Matrix Reloaded nem foi lançado no Brasil ainda e já é polêmica...


Essa imagem pode passar despercebida ao leigo, mas quem tem um ping (hehe) de experiência em hacking e segurança vai reconhecer o nmap rodando.

Interessante é que, nos idos anos 80, o filme Jogos de Guerra fazia uma leve referência a hackers mostrando um wardialer que encontrou alguns servidores ligados ao telefone, BBS-style. Lembro até que o carinha do filme acha um computador de uma companhia aérea e faz uma inócua reserva de passagem para ele e a namorada para Paris (obviamente visando impressioná-la com seu "talento"). Daí ele descobre o tal computador que teria o jogo Global Thermonuclear War e para invadi-lo, usa uma técnica chamada engenharia social, que consiste em pensar um pouco e ponderar as senhas mais óbvias (No caso do filme, a senha é babaca: Joshua, nome do filho morto do programador).

Nos anos 90, o insosso hackers (escrito em minúsculas porque é uma bosta mesmo) mostra algo impossível de fazer mesmo com os computadores de hoje: animações em 3D em tempo-real e ao mesmo tempo procura de dados codificados, além das "hackeadas" serem quase instantâneas. Fora que o sistema operacional dos laptops que eles usam não eram nada desse universo.

Mudando de universo e de plano, o ano agora é desconhecido. Não se sabe ao certo, mas é próximo de 2099. Trinity puxa um laptop e tenta hackear um computador para obter dados importantes para a trama do filme.

Ao invés de uma animaçãozinha metida a besta, os irmãos Wachowski fizeram o dever de casa e tacaram o nmap nele. A partir daí ela encontra a porta 22 aberta (SSH) e tenta usar um exploit verdadeiro (SSHv1 CRC32) para mudar a senha root do servidor para Z1ON0101, com sucesso.

Interessante como aos poucos a cultura e os hábitos hacker vão chegando ao mainstream. O que vai mudar isso no comportamento online e como tratamos nossos dados e privacidade online, só sendo adivinho para saber. Mas parece ser um bom sinal. Pessoas que nunca rodaram ferramentas de segurança se interessam por port scanners e coisas do gênero, encontram falhas em seus próprios servidores e o mundo fica mais seguro. Ou, ao contrário, script kiddies tentam com esse conhecimento de botequim hax0rar servidores babacas e gerar caos sem necessidade.

Prefiro acreditar na primeira possibilidade. Até porque, se ambas acontecerem ao mesmo tempo, vai ficar mais difícil pra os script kiddies.

segunda-feira, maio 12

Deu ontem no meu horóscopo da Oi...

"Amores platônicos não sofrem dos males dos amores reais,
e ainda geram os melhores poemas"

(btw eu sou de Sagitário)

Interessante esse negócio de viver na ilusão. Como em um filme pop conhecido (what is the ...?), a barreira do ilusionário e o real às vezes torna-se difícil de definir, se é que ela existe em alguns casos. Inspirar-se, ter por musa algo inatingível não é nada de novo. Nas cantigas de amigo, datadas da Idade Média, a donzela tinha-se por inatingível, ápice da beleza e ícone de pureza intocada. O servo, vassalo do amor e eterno indigno de tão bela e formosa Senhora, contentava-se em cantar, ou melhor, chorar seu amor em versos melosos e por vezes indecifráveis, tais os meandros e reverências que o eu-lírico fazia à sua Musa.

OU SEJA: era aquele negócio da mosca de bolo. Nem come, nem sai de cima.

Viver um amor platônico (do grego platonikós), desligado de interesses ou gozos materiais; ideal, casto, como definido no Dicionário Michaelis na verdade não tem nada de ideal. Casto, sim: a Bela (ou o Belo, não o cantor, crendeuspai, e sim o referido amado) intocável, a inatingível, a idealizada - sim, idealizada, pois permanece no plano do pensamento, do hipotético.

Infrutífero, do ponto de vista genético. Quero dizer, qual o sentido? Amar é buscar no outro algo que lhe falte, sentir-se bem junto a esta pessoa e querer estar com ela o tempo todo. E, logicamente, buscar construir uma relação que vá dar frutos. Sim, pois a Mãe Natureza não nos equipou com o que há de mais sofisticado em evolução, a capacidade de selecionar de acordo com nossos (?) gostos o que mais nos atrai nos parceiros e gerar uma mistura, uma continuação de nós mesmos. Caso contrário, ia ser mais simples reproduzir-nos por partenogênese.

E, já que tocamos no assunto,

"De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência." (Millôr Fernandes)

Não consigo discordar facilmente desta assertiva.

Já Machado de Assis (grande frasista, por sinal) disse:

"Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento."

A confusão que isso dá na cabeça de um é indescritível. Amor livre? Sem possessão, sem ciúmes? Impossível, pode parecer. O problema é que não fomos feitos para amar uma e apenas uma pessoa na vida. Qual a diferença entre galinhagem e monogamia seriada?

Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem. (Tom Jobim)

É nessa hora que chega à minha memória um mineirinho que um anjo torto veio disse "Vai, Carlos, ser gauche na vida" e -perdão- fode tudo. Com vocês, Carlos Drummond de Andrade:

Amor, pois que é palavra essencial

Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.


Platão deveria tomar Viagra.