quarta-feira, maio 28

Okay, são 23:35 quando eu comecei a escrever este post sobre este dia ridículo de hoje, então let´s call it a night and wrap it up. Quer dizer, a não ser que caia um raio na minha cabeça agora mesmo, nada de mais estranho vai me acontecer do que eu já não tenha suportado hoje.

Foi um início peco logo de cara. Acordar ouvindo berros para dar injeção em não sei quem, nebulizar etc etc... Eu gosto de ser médico, mas até em casa é fogo. Tarefas completadas, banho tomado e eu consigo arrastar meu carro 0.7 (explicação fica pra depois) para o estacionamento do trabalho e recebo de cara uma ligação antes de desligar o motor que fumaçava e soluçava feito uma viúva. Era meu pai, esbravejando e querendo saber que p0rr@ era aquela de Velox, quem mandou desligar o DVI e sei lá o quê. Levou um tempo para eu fazer a conexão, entre um "que merda" e outro "quem mandou".

A moça da telemar tinha ligado alguns dias antes convidando para entrar numa promoção que diminuiria meus custos de conexão em banda lascada (é, porque banda larga aqui no Brasil é piada) de R$160 (aproximadamente) mensais para mais confortáveis R$103, sem precisar mudar de provedor nem email, eu abandonaria a Net (que nunca foi lá essas coisas) e ficava com o Velox, mesma conexão, continuava no Terra Plus, etc etc... 57 paus a menos por mês e sem obrigação de TV por assinatura? Só se for agora!

E eu tinha avisado ao paspalho. Só que esse tipo de coisa costuma cair na memória seletiva dele, e daqui que eu explicasse isso ele ia inventar uma desculpa que eu não tinha explicado direito e por aí vai (tudo igual todos os dias)

Tá. Pego minhas coisas no banco de trás, fecho o carro 2 vezes só pra ter certeza, atravesso a rua com a chave entre os dedos (pronto pra meter uma broca em quem se aproximasse mal intencionado) e o idiota do vigia nem sequer me vê. Ô mané, abre aí essa joça (pensei, claro. Falar isso ia ser phoda pra antes das 9 da manhã).

Bom-dia, doutor.

Grunf.

Mas não me deixo abater de cara. Vou direto pra minha enfermaria, tendo o cuidado de não dizer bom dia pra ninguém, pois, se um médico dá bom-dia para uma enfermeira ou outra colega, isso automaticamente quer dizer que a noite anterior foi ótima, se é que dá pra entender.

Segundo andar, converso com os internos, nada de muito novo. O que é bom e é ruim, estou na minha última semana e tenho que ficar com quatro pacientes que não vão ter alta tão cedo, vou ter que ficar empurrando eles com a barriga porque o serviço não anda. Os quatro prontinhos, bonitinhos. prontos para ter alta mas aguardando o cirurgião, ou o tomógrafo, ou vão ter que ficar mesmo porque o tratamento de osteomielite é de seis semanas e hoje é só D13 de oxacilina. Paciência. Preceptoria precisa chegar mais tarde. Motivo mais do que justo, inquestionável até, mas, bem, entra no contexto.

Onze horas e a visita começa. Claro que eu tinha terminado tudo nove e meia e tinha zanzado igual barata tonta pelo hospital com o devido cuidado de não pisar no térreo, lar de criaturas horripilantes (ok ok estou exagerando, é que, bem, lembra da história do bom-dia? pois é, lá agora tem certas internas fuxiqueiras e deixa quieto) mas enfim, nem sequer falar com Tia Cirinha (a foto está embaixo) eu podia para não dar ousadia a nigrinhagem geral que se estabelece em qualquer lugar onde homem seja minoria.

Vou pro conforto, fico até que onze e pouco meu super-interno nº2 (ou será o nº3? sei lá, os 3 são iguais, e não me leve a mal, eles são muito bons no que fazem e um dia serão bons médicos, se continuarem, mas interno é igual japonês, tem tudo a mesma cara) me liga avisando que a pré chegou. Ok, então uma coisa que em qualquer situação seria boa acontece e fica ruim: meus pacientes são os primeiros a serem discutidos, porque os únicos internos que ficaram até a preceptoria chegar foram os meus (viu? não disse que eram bons?), e a preceptoria justamente queria liberar os meninos. Justo, justíssimo. Só que aí vem aquele lengalenga das 3 meninas super poderosas que se dizem R1s de lá e cá pra nós, tem uma que eu não suporto e ela sabe bem disso. O sentimento é mútuo. Outra não fede nem cheira e a restante é até boazinha, mas está mal acompanhada, então vai junto.

Blá, bláblablá tititi tititi e eu sem falar PN e tendo que ficar sentado e ouvindo aquela baboseira. Não se engane, eu gosto de visitas, aliás, fui o único R2 que optou pela carga completa de enfermaria, todos os outros debandaram para opcional aqui ou ali, mas de vez em quando me economize, e tive que abstrair alguns comentários abestalhados de R que se esconde na falha de outros setores. Coisa de iniciante, claro, todo mundo é assim mas paciência tem limite.

Mal sabia eu que o dia nem tinha desvendado todo o seu mistério...

Depois dessa manhã, o melhor que eu podia é almoçar em casa, pelo menos. Lá vou eu com o carro enguiçando até em casa, avisando que talvez chegasse tarde no ambulatório (cães com babésia me aguardavam em casa, também). O veterinário atrasou, e quando eu ia sair eu finalmente descobri que porra era aquele teco-teco no motor do meu carro.

Um dos cabos de vela estava com mal contato e partiu de vez. Claro que eu fui meter a mão pra ver e tomei um puta de um choque de ONZE MIL VOLTS no dedo. CARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALHOOOOO!!
fzzzzzzzzzt!

é sério, tá doendo até agora essa caceta, a porra do choque foi no osso! E eu digitando... sadomasô, anyone?

12:30. Cacete, liga pra porra da oficina, manda alguém aqui urgente que eu tenho que estar de volta às duas no hospital, tem paciente me esperando.

Ah, sim. Nem precisa dizer que como eu não tinha avisado, não tinha sido feito quase nada pro almoço e comi um resto de feijão fradinho de ontem que ainda me deu diarréia.

Tava explicado o meu dilema com o carro. O motor, que já era 1.0, estava com um dos quatro cilindros desligados, e isso explicava o ritmo de fusca com que ele se comportava.

E quem disse que o mecânico chega?

14:00, eu ligo pra oficina, "ah, saíram faz 10 minutos, se duvidar vão estar aí quando eu desligar". Desliguei, pronto, cadê?

14:20, ligo pro ambulatório, aviso que estou "na rua" aguardando socorro mecânico ("na rua" é gíria para dizer que o carro deu pau, pifou, prego, entendeu? baianês)

14:40, o mecânico chega e em 10 minutos estou pronto pra ir. Com o dedo doendo, é claro e meio sujo de fuligem. Já tinha até desistido do ambulatório, porque a essa altura já ia dar 3 da tarde, 1 hora de atraso no ambulatório... mas me resignei e liguei o carro, agora ia nem que fosse empurrando.

Claro que eu fiz questão de pegar a peça quebrada e exibir como troféu aos meus colegas, caso contrário iam dizer que era mais uma desculpa esfarrapada pra faltar o ambulatório.

PAUSA PARA REFLEXÃO.

Caralha, se eu sou o único R2 que tem a carga completa de enfermaria, sou o único que pega SEIS MESES de ambulatório contra TRÊS dos outros. Tão reclamando de falta? VÃO SE FUDER, eu tenho todo o direito de estar mais cansado do que vocês, o dia estava sendo podre e, além disso, ninguém me vê reclamando quando neguinho falta.

Voltando ao tópico...

Lá vou eu, pego meus pacientes, examino e entrevisto eles, atordoado ainda pela porra do choque que me deixou vendo estrelas a tarde toda, com sono, cansado e sacaneado. Pelo menos essa parte foi boa, examinei eles direitinho, fiz minha conduta, conversei com os superiores, tudo tranquilo.

Enfermaria, sem novidades. Pra variar. Uahhhhh

A essa altura, bastava chegar em casa. O carro já estava respondendo direitinho, aí no meio do caminho CLANQ! que merda, o parafuso que segura a saia dianteira foi embora, e meu carro ficou "rindo de boca aberta" pra todo mundo por pelo menos 30 KM. Aí era sacanagem, porra. Não vou pra casa, vou dar um jeito nessa caceta, paro na Select, cadê que eles tem cola epóxi? (eu já tinha tentado super bonder -boa merda- e cola de modelismo, melhor mas não aguenta chuva). Nada. Pego um sanduíche (lembra do almoço? não teve lanchinho de tarde não, teve foi neguinho dizendo que eu tava mais gordo e eu com vontaaaade de mandar praquele lugar mas deixa quieto) e uma coca light, uma Superinteressante dizendo que a gente vive em uma Matrix (não sei porque, mas depois de hoje dava pra acreditar em qualquer coisa) e vou pro supermercado, carrinho ainda de sorriso aberto.

Porra, escureceu e como é que eu vou colar esse troço até amanhã, tô pensando enquanto subo a esteira rolante correndo, pego uma cestinha e uso como escudo pra me defender dos lerdos usuais do pós-trabalho que vão comprar comidinha pronta, pão e queijo pra esquentar suas vidas vazias e vou direto pra seção de ferramentas. Ótimo, poxi-bonder. Só por segurança, adesivo plástico de alta fixação. Que más?

Depois de hoje? Uísque, claro. Quer dizer, Johnnie Walker One, Uísque é um pouco pesado, mas penso... Minha esposa vai chegar do plantão, deixa o JW1 aí no canto, vou pegar um vinho rosé (gamay rosé) e sushi, pelo menos o finalzinho do dia fica melhor.

Confusão na porra do caixa, um enguiça na minha vez, mas eu já sabia que hoje não era mesmo meu melhor dia e vamos pra outro, um cara chega "tem bomclube?" e eu digo que não automaticamente sem olhar pra cara, aí o ousado vem e diz "então passa o meu pra não perder os pontos" e eu Hã, tá (grunf) QUE QUEIXO!!!!!!!

filadaputa. Deixa pra lá, não estou perdendo nada mesmo. Ah, eu mencionei que o JW1 tava com o preço errado? eu que não me ligasse, avisei na hora, aí o cara veio com a desculpa de "a promoção era até ontem, esqueci de tirar a placa" e pelo menos passou pelo preço antigo, e o queixão do bomclube ficou perguntando o que era, quase que eu falo que era um vibrador e demonstrava ali mesmo onde eu ia enfiar aquela garrafa, performaticamente e carlaperezmente falando, no dele é claro.

aaaaaaaaaaaaa pa porra....

Volto pra casa pianinho pra não esbagaçar de vez o spoiler dianteiro, e no escuro mesmo abro o durepóxi e fico lá amassando a disgrama pra formar a tal da massa, taco onde os parafusos eram pra estar e seguro, é, parece que ficou, mas pra ter certeza deixa amarrado até amanhã...

claro que daqui que eu achasse algo pra amarrar (no escuro) já tinha soltado, aí eu recoloco no lugar, pego um fio de telefone e meto na grelha da frente, pelo menos era semi rígido, dava pra saber mais ou menos onde ia sair pelo tato, e eu lá enfiando a mão embaixo do motor quente procurando uma porra de um fio, dou uns 2 nós, a essa altura pelo menos o vinho já estava sendo gelado.

Tá, consertei a porra, quer dizer, sei lá, até que quebre de novo. Daí pra diante era só deitar na cama, ligar na Warner e assistir Friends, Good Morning Miami, Smallville e depois mudar pra Sony e ver Charmed e dormir, cabou.

Quem disse? Vem um bando de abelha me zunindo o ouvido, e por abelha eu digo parente, ih que saco não dá pra notar que eu quero ficar só com minha esposa? Ah, tem que dar injeção no pit bull, Benzetacil, logo que eu tenho alergia e só de sacanagem eu mordo o dedo e disse que me furei pra deixar o povo de cabelo em pé. Até minha digníssima acha de encher a paciência com uma conversa desfiada, ih, exagerou no vinho, tá lá capotada.

Cacete, meia noite e quarenta, ah, meu pai enchendo dizendo que quer que eu faça um programa de estacas pra calcular fuste e n e pl e PP que PORRA É ESSA, eu fiz MEDICINA, INFORMÁTICA OU ENGENHARIA CIVIL, cacete!

E a porra do bluetooth fica dando pau com o compartilhamento de internet, eu arranco essa porra, merda, 150 paus jogados fora, desinstalar e a merda do firewall não presta pra nada, Sygate Personal Firewall minha joça, vai pro espaço! Onde já se viu firewall permitir SPAM de NETBIOS? Que vergonha! Prefiro ficar sem!

Ah, e nada da minha memória nova chegar, que merda, lá se vão 240 paus, não, se vão nada, eu vou ligar hoje (hoje não... amanhã) e xingar todo mundo pra ver se dá um jeito.

Bem, pelo menos está agora tudo mais ou menos consertado. Até que dê defeito de novo. E quem não está dormindo pelo menos ACHA que eu estou.

Boa noite.

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