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Com isto em mente.... O programa de licenciamento de software é, no mínimo, uma exploração. Não é à toa que programas como o Word são incrivelmente pirateados e existem teorias conspiratórias (com um certo fundo de verdade) que a M$ se beneficiou e muito da pirataria dos seus produtos, fazendo vista grossa para atingir a posição de liderança e depois caindo de pau em cima dos usuários que copiam seus produtos.
Vejamos e vejamos. Um exemplo hipotético, não: REAL. Digamos que uma certa pessoa trabalha em um certo colégio como professor, Vamos chamar de Senhor X do Colégio Tal (não sou eu, lembrem, sou médico e part-time ativista de informação). Pois bem, este Senhor X ganha um salário Y, e não é professor de matemática para precisar saber que o Office XP (educacional) custa em torno de 800 reais se você provar que é professor ou estudante e que isso é provavelmente mais do que ele ganha, se não uma parcela significativa do seu ordenado mensal.
Pois bem, estamos chegando no ponto: o Colégio Tal resolve terceirizar, enxugar, reduzir custos de forma a evitar o repasse nas mensalidades e provável inadimplência. Com isso, a elaboração de provas e apostilas fica a cargo do Professor X, o de nosso exemplo, não o careca do Xavier. E para tanto, fornece um disquete com um template (*.dot) do Word, legível somente no dito cujo. Isto não deixa outra opção ao Professor X senão ter o Word em casa, uma vez que ele não é profissional de IT nem dita regras; ao contrário, faz parte da massa que trabalha e produz mais do que ganha.
Então, existem duas situações aqui:
- O Professor X compra o Word e gasta dinheiro, PAGANDO pata trabalhar;
- O Professor X COPIA o Word para poder trabalhar
Adivinha o que acontece na maioria das vezes?
Pois bem, isso justifica a pirataria? Não, claro, mas a licença deveria ser menos restritiva, uma vez que o trabalhador está levando trabalho para casa, estendendo o âmbito da empresa. Nesse caso, ficamos num terreno legal movediço: uns acham que não há problema, uma vez que isto seria o mesmo que uma pessoa pegar um CD de áudio legalmente comprado e levar consigo para ouvir no carro (não há simultaneidade de uso, apesar da duplicação do programa). Mas a própria M1cr0$h1t, a partir do Orifice 2000, exige que o software seja "ativado" individualmente POR MÁQUINA, ou seja, acabou esse negócio de "uma cópia para o trabalho e uma para casa" (not really: GC6J3-?????-?????-?????-D3DX8, que foi banido pela M$ no Office2000SR1). E esta tendência se manteve no Windows XP e Orifice XP.
Mas voltando ao assunto: utilizando-se de técnicas pouco éticas como mudança de formato de arquivo, incompatibilidade com versões anteriores, falta completa de interoperabilidade com outros pacotes de aplicativos, o Office conseguiu a liderança, simplesmente porque ele força todo mundo a ter um, legalmente ou não. Isso é apenas a ponta do iceberg do que os M$-haters usam como argumento para seu ódio. E eu não discordo completamente deles.
Quando surgiu o StarOffice, especialmente após a versão 5.2, gratuita, que virou paga na versão 6 (25 dólares, versão educacional) e o OpenOffice, gratuito, a situação MELHOROU, mas não mudou muito -- o OpenOffice ainda não tem a cobertura que o Word tem, a interoperabilidade é excelente -- mas não é 100% -- e, de uma certa forma, o estrago já está feito. Pode ser que num futuro próximo o OOo, como é chamado, chegue a morder os calcanhares da M$ no ambiente corporativo, mas a base instalada do Orifice é muito grande e a troca de uma suíte de aplicativos por outra envolve custos que não são óbvios, mas encarecem em muito a troca. De qualquer forma, o círculo vicioso se mantém. Imagine converter e reformatar 3800 documentos simplesmente porque o Professor X quer ficar "legal" com uma empresa que tem o nome jogado na lama por absoluta falta de qualidade nos seus produtos e usar uma "alternativa" ao Office? Qualquer diretor de escola mandaria o professor tomar no cu.
Sinceramente falando, se eu fosse começar do zero hoje, EU NUNCA USARIA O WORD, NEM DEBAIXO DE PORRADA! E eu tenho meus motivos... basta um arquivo se tornar relativamente grande para começar a dar todo tipo de problema, inclusive se tornar ilegível - e não precisa de nenhum motivo especial.
O problema é que, pela completa dominância do Office, você é obrigado a ter nem que seja uma cópia bufa do Word para poder operar com outras pessoas. Mas no meu mundo perfeito, o Word é banido e os seus criadores torturados por profissionais chineses com pós-graduação.
Devaneios, devaneios...
O que acontece é o que todo mundo sabe: em cada computador tem uma cópia do Word pirata. Exceto, é claro, no computador do Professor X, que se resignou e comprou um Compaq Presario 7473 que vinha com uma cópia legal do Word 2000 (mas isso é OUTRA história)
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